sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

sem título

Essa coisa disforme que deveria ser um blog com postamentos(?) periódicos se transformou em um daqueles lugares esquecidos, que nunca têm nada de novo e ninguém mais vai. De certo tempo indistinto não há nada original por aqui (tá, é distinto, é só olhar a data do último post, mas vamos dar um ar mais poético, vai) e existe desculpa explicação plausível pra isso.
Num dia desses, eu me encontrava reclamando as agruras da vida - essa que, por melhor que esteja, tendemos naturalmente a dizer que não está – e descobri que, dentre todas as outras conseqüências relativas ao serviço e rotina, desaprendi a escrever.
É sério, há vontade de ter o que escrever, mas talvez a inepta rotina de estudar pra provas cada vez mais absurdas me tem levado à incapacidade de desenvolver algo de interessante pra consolidar em boas e harmônicas estruturas gramaticais. Olha que fofo =]
Sempre achei infelizes aquelas compilações de escritos que falam de uma só pessoa, geralmente ele mesmo, por parte dos autores de tudo que se lê normalmente por aí. Entretanto, encontro-me em situação ligeiramente semelhante, escrevendo aleatoriamente, coisas que ninguém quer ler, pela simples vontade de escrever. É fácil notar isso nas frases indiretas e demasiadamente prolixas, característica do escritor que não tem nada a dizer, como dizia Schopenhauer.
Aliás, esse cara foi um crítico frenético da literatura alemã do século XIX, condenando as massas que liam apenas o que era novo e ignoravam o que era bom (segundo ele), quase insultando Hegel, Schelling e Fichte, enquanto alegava que eles escreviam livros por dinheiro, dada a excessiva prolixidade e falta de clareza. Pra ele, essas formas de escrita eram puro charlatanismo – mas, no fim das contas, a frustração das obras (que não tinham muita repercussão) nem deve ter inspirado a meter a língua em todo mundo, né?
Falando nisso, já que o desaprender a escrever é conseqüência do desaprender a pensar, faço uma citação aleatória de um conto do H. P. Lovecraft, só pra contrastar a estrutura de quem escreve(ia) de verdade.

“As cavernas inferiores não são para os olhos que vêem e podem compreender, pois seus prodígios são estranhos e terríveis. Maldito o chão onde pensamentos mortos vivem de novo em corpos grotescos e diabólica a mente que não é segura por uma cabeça. Sabiamente disse Ibn Schacabao que feliz é a tumba onde não jaz um mago e feliz a cidade à noite cujos magos são todos cinzas. Pois é um velho rumor que a alma comprada pelo demônio não surge do barro sepulcral, mas cresce e instrui o próprio verme que a devora; até que da decomposição nasce uma vida horrenda e os comedores de carniça embotados da terra se fortalecem com astúcia, crescendo assustadoramente como flagelos e nela causando dor. Grandes buracos são cavados em segredo onde os poros da terra deveriam ser suficientes, e seres que deveriam rastejar aprenderam a caminhar.” – Necronomicon, por Howard P. Lovecraft.

Enfim, graças a uma sanção disciplinar no quartel, da qual tenho responsabilidade mínima, fiquei aqui escrevendo esse monte de groselha que um ou dois vão ler só porque eu pedi.
E, já que não pensamos, vamos ao menos ler bons livros. haha

3 comentários:

  1. Fala logo, vai! Você fica o dia inteiro no Msn/Orkut/Bate-papo Uol/Chat Line e desaprende até a respirar, agora não quer assumir que é por causa disso, né? É tão viciado que eu ouvi até uns comentários de que você conheceu sua namorada em um desses lugares ... tsc! u.u

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  2. ah cara, eu li sem vc me pedir ... hahaha
    eu falo: "arthuuur, poste algo naquele blog!", já viu né, fica ae olhando pro teto, dá nisso, desaprende a escrever mesmo ... hmpf.
    (interessante a citação de H.P.Lovecraft hein, me deixou com vontade de ler...xD )

    abraço!

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